Preços do alojamento criam dificuldades aos alunos do ensino superior
setembro de 2022
Depois de colocados numa instituição de Ensino Superior, a preocupação de muitos estudantes, em particular daqueles que ficam colocados fora da localidade da sua residência habitual, é encontrar um alojamento temporário.
No segundo ano com mais colocados na primeira fase do concurso nacional de acesso ao Ensino Superior - em 2022 ficaram colocados 49.806 estudantes -, o tema da habitação estudantil tem estado na ordem do dia. O aumento generalizado dos preços e, em particular, da habitação, agravaram uma das barreiras de quem frequenta o Ensino Superior.
O EDUSTAT faz uma análise dos dados que constam dos relatórios do Observatório do Alojamento Estudantil, de outubro de 2021 e de setembro de 2022, disponibilizados pela Direção-Geral do Ensino Superior (DGES), para perceber a evolução da oferta no setor do alojamento estudantil. Esta plataforma faz uma análise da oferta privada de alojamento através da recolha de fontes de informação públicas como portais de anúncios e agências imobiliárias. Para os relatórios, mensalmente disponibilizados, são monitorizados mais de 100 mil anúncios de quartos e apartamentos com os estudantes como público-alvo, e é também considerada a oferta da rede de residências pública de estudantes.
Com base nos dados do Observatório do Alojamento Estudantil, uma plataforma digital e acessível ao público, que identifica diariamente a oferta privada de alojamento para estudantes, as zonas onde os estudantes de Ensino Superior estão alojados e as rendas praticadas a nível nacional, assim como o nível de ocupação e a evolução da oferta pública de camas em residências para estudantes, a DGES dava conta de que o ano letivo 2020/21 arrancava (dados a 3 de setembro) com cerca de 9.600 quartos disponíveis em todo o país a um preço médio de 267€ por quarto.
Figura 1: Dados do Relatório do Observatório do Alojamento Estudantil de 1 outubro de 2021
No relatório apresentado a 1 de outubro de 2021, o preço médio por quarto em Portugal era de 265€, estavam disponíveis 9.697 quartos e a variação média ao longo do ano era -2,2%. Já o último relatório disponível, de 2 de setembro 2022, dá conta de um número de quartos disponíveis consideravelmente menor (1.973), por contrapartida de um aumento do preço médio, para os 294€, e de uma variação positiva do preço, de 7,7%, desde o início do ano.
Figura 2: Dados do Relatório do Observatório do Alojamento Estudantil de 2 outubro de 2022
Lisboa continua a ser o município, do top 20 de municípios de Portugal, com um maior número de quartos disponível - 746 -, seguido do município de Coimbra, com 343, e do Porto, com 337. Ainda assim, foi também em Lisboa que se registou uma quebra mais acentuada na oferta de alojamento estudantil: em outubro de 2021, Lisboa tinha 3.543 disponíveis para estudantes, o que se traduz numa diminuição de quase 80% (-2.779). Apesar de, em termos absolutos, a diferença da oferta de quartos ser menos expressiva em Faro, em termos de variação percentual foi relativamente significativa: passou de 169, em outubro de 2021, para 43, em setembro 2022. Beja e Coimbra foram os municípios onde a oferta se manteve praticamente inalterada.
No que toca ao preço médio, Lisboa apresenta, tanto no relatório de outubro 2021, como no de setembro de 2022, o preço médio mais elevado: 319€ e 381€, respetivamente. Mas é no município do Porto, entre os 20 analisados, que este preço sofreu um aumento mais significativo, no valor de 74€. Foi também no Porto que, em 2022, se registou o preço máximo mais elevado (609€), ao passo que em 2021 era Lisboa que liderava a tabela, com o custo dos quartos a atingir os 482€. Em contrapartida, o município da Guarda registou os preços médio (125€) e máximo (197€) mais baixos, tanto em 2021 como em 2022. Viseu foi o único município onde se registou uma descida do valor do preço médio, de 2021 (que era de 162€) para 2022, em cerca de 11€, não tendo havido qualquer alteração no preço máximo dos quartos nesta cidade.
No que toca à variação do índice dos preços, em relação ao período anterior ao relatório de setembro de 2022, e conforme ilustra o gráfico abaixo, foram os municípios de Vila Real e do Funchal que registaram uma variação de preços mais acentuada: 22,4% e 22,1%, respetivamente. Ainda assim, Beja, Guarda e Portalegre viram os preços do alojamento estudantil diminuírem de agosto para setembro de 2022.