EDUSTAT - Apenas 3 a cada 10 inscritos em cursos STEM são mulheres

Apenas 3 a cada 10 inscritos em cursos STEM são mulheres

fevereiro de 2025

A 11 de fevereiro celebra-se o Dia Internacional das Mulheres e Raparigas na Ciência. Esta iniciativa, criada em 2015 pela Organização das Nações Unidas, tem como objetivo reconhecer o papel das mulheres na produção de conhecimento científico e, em simultâneo, sensibilizar para a importância de eliminar barreiras que advêm da desigualdade de género no acesso à educação e, mais concretamente, a carreiras nas áreas de formação da Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (áreas STEM).

Para assinalar esta data, o EDUSTAT apresenta alguns indicadores relacionados com a presença das mulheres na área das ciências – designadamente nas STEM –, tanto no ensino superior como no mercado de trabalho, comparando a realidade portuguesa com os restantes países europeus.


Apenas 3 a cada 10 inscritos em cursos STEM são mulheres

O número de mulheres no ensino superior tem vindo a aumentar nos últimos anos, seguindo a tendência geral de crescimento dos estudantes no ensino terciário. Entre 2016/2017 e 2023/2024, o número de mulheres inscritas em cursos superiores cresceu 25,3%, uma variação superior à dos homens no mesmo período (22,2%).

Em 2023/2024, a maioria dos inscritos (54%) no ensino superior eram mulheres, sendo mais de 243 mil, um valor superior ao número de homens (205 mil) no mesmo ano letivo. Todavia, este aumento do número de mulheres foi impulsionado sobretudo pelas áreas não-STEM: o crescimento foi superior nas áreas não-STEM (26,7%) em comparação com as STEM (18,8%). Também no caso dos homens, as áreas não-STEM foram as que tiveram o maior aumento de inscritos neste período, embora as discrepâncias tenham sido menos acentuadas: variação de 22,5% e 21,7% das áreas não-STEM e STEM, respetivamente.

O maior aumento do número de homens (21,5%) face às mulheres (18,8%) acentuou, ainda mais, as diferenças de género nos inscritos em áreas STEM: enquanto, em 2016/2017, 59% dos inscritos eram homens, em 2023/2024, os homens representavam mais de 68%. Verifica-se, deste modo, um predomínio masculino nas áreas da Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática dado que apenas 3 a cada 10 inscritos em cursos STEM são mulheres.



Apenas 20% das mulheres no ensino superior estão em cursos STEM

Apesar das áreas STEM estarem tipicamente associadas a carreiras com salários mais elevados dado a maior procura no mercado de trabalho destes profissionais, a percentagem de estudantes em cursos STEM tem-se mantido constante ao longo dos últimos anos, tanto nos homens como nas mulheres.

Não obstante, existem diferenças significativas entre géneros no que toca ao peso dos inscritos em cursos STEM. Enquanto, em 2023/2024, 43,6% dos homens estavam inscritos em cursos STEM, nas mulheres a representatividade foi bastante mais baixa (20,2%), o que significa que apenas 2 em cada 10 mulheres que frequentam o ensino superior estão inscritas em cursos STEM.

Este resultado evidencia a baixa procura das mulheres por cursos nas áreas STEM, sendo que, esta realidade parece não se ter alterado nos últimos anos. Verifica-se, deste modo, que ainda existe um longo caminho a percorrer para mitigar as disparidades de género na ciência, designadamente no ensino superior.



47% dos cientistas e engenheiros são mulheres

Apesar das fortes discrepâncias entre homens e mulheres nas áreas STEM no ensino superior, a realidade no mercado laboral português é um pouco diferente. De acordo com o Eurostat, eram cerca de 477 mil os cientistas e engenheiros, na faixa etária dos 25-64 anos, no mercado de trabalho português em 2023, dos quais 253 mil eram homens e 224 mil eram mulheres. Embora continuem em minoria, as mulheres representam 47% dos cientistas e engenheiros no ativo.

Comparando com o contexto europeu, a disparidade no emprego entre géneros em Portugal encontra-se abaixo da média europeia onde apenas cerca de 4 em cada 10 cientistas ou engenheiros eram mulheres (41,1%). De facto, só seis países registaram uma proporção superior a Portugal e em apenas dois – Dinamarca (51,6%) e Espanha (50,1%) – as mulheres representaram a maioria da população empregada como cientista ou engenheiro.