Os inscritos de mobilidade internacional mais do que duplicaram nos últimos dez anos
abril de 2025
De acordo com a DGEEC, a mobilidade internacional no ensino superior define-se como o cruzamento físico das fronteiras nacionais entre um país de origem e um país de destino para participar em processos de aprendizagem no ensino superior. A mobilidade internacional pode ser categorizada em dois tipos:
- Mobilidade de crédito - incoming: correspondem aos inscritos num estabelecimento de ensino superior português, na modalidade de estudo ou de estágio, por um determinado período, tendo como finalidade a obtenção de créditos académicos posteriormente reconhecidos pela instituição de origem a que pertencem, desde que contemple as seguintes condições: período de frequência no estabelecimento de ensino superior português, não inferior a um trimestre letivo ou para a obtenção de pelo menos 15 ECTS.
- Mobilidade de grau: correspondem aos alunos inscritos nos estabelecimentos de ensino superior em Portugal, que concluíram o ensino secundário num país estrangeiro e que têm como finalidade a obtenção de um diploma. Não são incluídos os inscritos em situação de mobilidade de crédito - incoming.
Os inscritos de mobilidade internacional mais que duplicaram na última década
Em 2023/2024, foram mais de 73 mil os estudantes inscritos em regime de mobilidade internacional de crédito ou de grau que se encontravam no ensino superior em Portugal. O número de estudantes nesta situação aumentou de forma exponencial nos últimos anos, já que, em 2013/2014, eram cerca de 27 mil, ou seja, os inscritos de mobilidade mais que duplicaram nos últimos dez anos.
Este forte crescimento deveu-se, sobretudo, aos inscritos em mobilidade de grau. Entre 2013/2014 e 2023/2024, os estudantes neste regime aumentaram mais de 270% – ou seja, mais do que triplicaram – durante este período, passando de 15 mil para 55 mil. Também os inscritos em mobilidade de crédito, como é, por exemplo, o caso dos estudantes do Programa Erasmus, aumentaram nos últimos anos, embora de forma mais contida, de cerca de 12 mil em 2013/2014 para 18 mil em 2023/2024 (uma variação de 54%).
3 a cada 4 inscritos em mobilidade internacional são estudantes em mobilidade de grau
O crescimento mais acentuado dos estudantes em mobilidade de grau fez aumentar a sua representatividade no total dos alunos em mobilidade internacional. Em 2023/2024, 75% – 3 a cada 4 – dos inscritos em mobilidade internacional encontravam-se em regime de mobilidade de grau, uma variação significativa face aos 56% de 2013/2014. Já os inscritos em mobilidade de crédito representavam apenas 25% do total dos alunos em mobilidade, um decréscimo significativo de representatividade face aos 44% de 2013/2014.
A maioria dos estudantes em mobilidade internacional têm menos de 30 anos e vêm de países fora da UE-27
No ano letivo 2023/2024, a maioria (69%) dos estudantes em regime de mobilidade internacional eram de países fora da UE-27. Não obstante, verificaram-se diferenças significativas na origem dos estudantes consoante o tipo de mobilidade.
No caso dos estudantes em mobilidade internacional de crédito, 3 em cada 4 (75%) tinham nacionalidade europeia. Os principais países de origem foram a Espanha (16%), Itália (12%), Alemanha (10%), Polónia (7%) e França (6%), ou seja, países da UE-27 onde vigora o programa de intercâmbio Erasmus +.
No que toca aos estudantes em mobilidade de grau, mais de 8 em cada 10 (84%) eram de países fora da UE-27. Destacaram-se, como principais países de origem, os países cuja língua oficial é o português, como o Brasil (28%) e alguns dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), como a Guiné-Bissau (11%), Angola (11%), Cabo Verde (9%) e Moçambique (5%).
No que concerne ao género, a maioria dos estudantes em mobilidade internacional são mulheres, tanto no caso dos estudantes em mobilidade de crédito (62%) como de grau (52%), indo ao encontro da realidade do ensino superior em Portugal onde os homens também estão em minoria.
Em termos da distribuição por grupos etários, a maioria dos estudantes têm menos de 30 anos. Os estudantes inscritos em mobilidade de crédito são, em média, mais jovens, dado que 59% têm menos de 23 anos, 38,5% têm entre 23 e 29 anos e apenas 2,5% têm mais de 29 anos. Já no caso dos estudantes em mobilidade de grau, 32% têm menos de 23 anos, 38% têm entre 23 e 29 anos e 30% têm mais de 29 anos.
46% dos estudantes em mobilidade internacional estão em licenciaturas
Analisando a distribuição dos inscritos em mobilidade internacional por ciclo de estudos, verifica-se que 46% – quase 34 mil estudantes – encontravam-se, em 2023/2024, em cursos de licenciatura. De seguida surgiram os estudantes em cursos de mestrado (29%), doutoramento (11%) e mestrado integrado (8%). A procurar pelos restantes cursos – por exemplo CTeSP ou especializações pós-licenciatura – foi inferior a 6%, com menos de 4 mil estudantes nestes ciclos de estudo.
No caso particular dos estudantes em mobilidade de crédito constata-se uma maior concentração em cursos do 1º ciclo, com cerca de 67% – mais de 12 mil – dos estudantes a estarem em cursos de licenciatura e, no sentido inverso, menos de 1% em cursos de doutoramento. Já para os estudantes em mobilidade de grau, existe uma maior dispersão entre os diferentes ciclos de estudo, destacando-se os cursos de licenciatura (40%) com quase 22 mil estudantes, mestrado (30%) com quase 17 mil estudantes e doutoramento (15%) com mais de 8 mil estudantes.
Dois a cada três alunos em mobilidade estudam em instituições do ensino superior da região Norte e da Grande Lisboa
Quase 50 mil dos 73 mil estudantes em mobilidade internacional estudavam, em 2023/2024, em instituições da região Norte (33%) ou da Grande Lisboa (34%). As restantes regiões representaram menos de um terço do total dos estudantes em mobilidade, destacando-se a região Centro (20%), a Península de Setúbal (4%), o Algarve (3%) e o Alentejo (3%).
Não se verificaram diferenças significativas na distribuição regional entre os estudantes em mobilidade de crédito ou de grau. Para ambos os casos, a região da Grande Lisboa foi a região com a maior concentração, sobretudo para os estudantes em mobilidade de crédito (40%) em comparação com os estudantes em mobilidade de grau (33%), seguindo-se a região Norte e Centro do país.
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