Como estão os portugueses a usar o computador e a Internet
março de 2021
O encerramento das escolas para responder à pandemia veio tornar evidentes as desigualdades originadas nas diferenças sociais e económicas das famílias. Visíveis, desde logo, as dificuldades quer no acesso aos equipamentos informáticos, quer nas ligações à Internet. Duas condições essenciais para a transição para o ensino à distância. Dados sobre a utilização de computadores e o acesso à Internet permitem antever quais os desafios que se colocam aos alunos portugueses.
Em Portugal, em 2017, a percentagem da população entre os 16 e os 74 anos que utilizava o computador nos primeiros três meses do ano era de 66,8%. Entre 2012 e 2015, a percentagem de população que usava o computador em janeiro, fevereiro e março aumentava de 62,4% para 69,2%. Os últimos anos para quais existem dados mostram um cenário de retrocesso. Entre 2015 e 2017, a percentagem da população que usava computador nos primeiros três meses do ano baixava 2,4%.
Que escolaridade tinham todos estes utilizadores? Consideramos o último ano desta série. Em 2017, tinham usado o computador nos primeiros três meses do ano, 45,6% da população com o ensino básico. Ou seja, população com escolaridade ao nível do 1.º, 2.º ou 3.º ciclo. Subindo mais uns degraus na escada da escolaridade, 91,3% das pessoas com o ensino secundário e 98,3% das pessoas com o ensino superior.
Analisando-se a proporção de indivíduos com idade entre 16 e 74 anos que utilizaram Internet nos primeiros 3 meses do ano, por nível de escolaridade mais elevado completo, verifica-se uma consistência entre 2016 e 2019, sendo os indivíduos com formação secundária e superior os maiores utilizadores. Em 2019, ainda antes da pandemia por covid-19, que trouxe alterações ao nível do ensino, assegurado grande parte do tempo online, e da atividade profissional, com a implementação do teletrabalho, 54,2% dos detentores do ensino básico acederam à internet, contra 96,4% dos possuidores de ensino secundário e 98,6% com o ensino superior.
Os recursos tecnológicos que a população portuguesa tem ao seu dispor reflete-se no modo como as crianças e os jovens enfrentaram o desafio do ensino online. Em 2017, 71,5% dos agregados familiares tinham computador. A estes dados juntam-se indicadores mais recentes sobre o acesso à Internet. Em 2020, 84,5% dos agregados familiares tinham em casa uma ligação de Internet; 81,7% ligavam-se à Internet através da banda larga. Entre 2017 e 2020, a percentagem de famílias que tinha em casa uma ligação à Internet aumentava 7,6%. Registava-se também uma subida de 5,3% ao nível da Internet de banda larga.
Numa outra dimensão olhamos os acesso semanais à Internet, por nível de escolaridade. Pela primeira vez, fruto da situação pandémica no país, 2020 foi o ano em que os alunos do pré-escolar ao ensino superior frequentaram aulas à distância.
Comparando dados de 2019 e 2020, não se percebe o impacto desta mudança. Em 2019, 51% das crianças e jovens do pré-escolar e ensino básico (9.º ano) acederam pelo menos uma vez por semana à Internet. Em 2020, a percentagem foi de 53%. Acederam à Internet pelo menos uma vez por semana 95% dos indivíduos entre os 16 e os 74 com o ensino secundário e pós-secundário não superior, e 98% com o ensino superior, percentagens que se mantêm inalteradas nos dois anos de referência.
Indicadores a explorar:
- Percentagem da população que utilizou computador nos primeiros 3 meses do ano por nível de escolaridade completo
- Percentagem da população que utilizou internet nos primeiros 3 meses do ano por nível de escolaridade completo
- Percentagem de agregados familiares com computador, com ligação à Internet e com ligação à Internet através de banda larga