66% dos estudantes da Grande Lisboa e do Grande Porto dependem da ajuda familiar para frequentar o Ensino Superior
novembro de 2024
O último estudo publicado pelo EDULOG, “Cartografia e dinâmicas socioeconómicas dos estudantes do ensino superior do Grande Porto e da Grande Lisboa”, analisa os principais desafios enfrentados por milhares de estudantes destas duas áreas metropolitanas e aponta condições para melhorar o bem-estar e o sucesso académico dos jovens do ensino superior.
Num contexto em que o alojamento, a mobilidade e o apoio financeiro são fatores críticos para o percurso académico dos estudantes, o estudo revela uma dependência significativa do suporte familiar para cobrir as despesas de alojamento, de alimentação e de transporte. Aproximadamente 66% dos estudantes da Grande Lisboa e do Grande Porto dependem da ajuda familiar para frequentar o Ensino Superior, e apenas 18% têm acesso a bolsas de estudo, uma percentagem considerada insuficiente para responder às necessidades da população estudantil deslocada. A maior parte dos estudantes nestas regiões provém das áreas de origem, com 59% a residir no local onde estudam, enquanto 38% são deslocados e vivem, temporariamente, nestas duas áreas sujeitas a grande pressão imobiliária.
48% dos estudantes deslocados em Lisboa e no Porto não possuem contrato de arrendamento
Segundo a análise feita pelo EDULOG, dos estudantes deslocados, expostos aos custos da habitação temporária, 48% não possuem contrato formal de arrendamento e 51% afirmam que o senhorio não emite recibos de renda, o que limita o acesso a apoios específicos e cria uma grande situação de vulnerabilidade.
Embora as residências universitárias tenham um papel crucial para os estudantes deslocados, o estudo dá nota de que a oferta é insuficiente, o que agrava a dificuldade de acesso a alojamento de qualidade e a preço acessível. Apenas 3% dos estudantes deslocados que concorrem a uma vaga numa residência universitária obtêm lugar.
A satisfação com as condições de alojamento mostra-se relativamente positiva entre os estudantes que conseguem vagas em residências universitárias, principalmente no Grande Porto, onde os níveis de satisfação são maiores e refletem o acesso a condições adequadas de estudo, como a ligação à internet e o mobiliário, essenciais para uma experiência académica positiva. Na Grande Lisboa, contudo, os níveis de satisfação são um pouco mais baixos, indicando uma possível carência na infraestrutura das residências e um maior descontentamento com os custos associados.
No que diz respeito à mobilidade, o transporte público é o meio mais utilizado, com 75% dos estudantes, na Grande Lisboa, e 59%, no Grande Porto, a recorrerem a este tipo de transporte para as deslocações diárias. No Grande Porto, os estudantes deslocam-se mais a pé (18%) do que na Grande Lisboa (10%), e entre os meios de transporte, o metro e o autocarro urbano são os mais utilizados em ambas as regiões, sendo o metro particularmente importante na Grande Lisboa (48% dos estudantes o utilizam) e no Grande Porto (com um uso de 40%). No entanto, os estudantes da Grande Lisboa mostram-se muito insatisfeitos com a cobertura e a qualidade da rede de transportes, enquanto os do Grande Porto demonstram uma maior satisfação com os serviços prestados, nomeadamente com o metro e os autocarros urbanos.
Estudo apresenta recomendações para diminuir as consequências das desigualdades socioeconómicas
O estudo sugere que as instituições de Ensino Superior e as políticas públicas poderiam beneficiar de um reforço nas estratégias de apoio social, com especial atenção para as áreas de alojamento acessível e suporte financeiro aos estudantes deslocados. A criação de mais alojamentos subsidiados, o aumento das bolsas de estudo e a revisão dos critérios de elegibilidade poderiam melhorar significativamente a experiência dos estudantes, diminuindo o peso das despesas pessoais e permitindo maior foco nos estudos.
Além disso, a expansão e melhoria dos serviços de transporte e da infraestrutura de ciclovias nas áreas da Grande Lisboa e do Grande Porto seriam passos importantes para facilitar o acesso dos estudantes aos campos universitários. Essas melhorias proporcionariam maior conveniência, mas também promoveriam opções de transporte sustentáveis, alinhando-se com as expectativas e necessidades dos estudantes.
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