EDUSTAT - Cada vez mais os estudantes abandonam o ensino superior

Cada vez mais os estudantes abandonam o ensino superior

fevereiro de 2025

De acordo com os dados mais recentes da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), são cada vez mais os estudantes que abandonam o ensino superior: 12,9% dos estudantes desistiram do ensino superior após o primeiro ano do curso, no ano letivo 2021/2022.

Depois de se ter registado uma redução entre 2012/2013 e 2015/2016, de 9,9% para 8,2%, respetivamente, o abandono no ensino superior tem vindo a aumentar de forma continuada desde 2017/2018 (10,8%): comparando com 2017/2018, a percentagem de alunos que deixaram o ensino superior após o 1º ano aumentou 2,1 pontos percentuais em 2021/2022.


O abandono cresceu sobretudo no ensino público

Em 2021/2022, o abandono no ensino superior foi, pela primeira vez na última década, mais significativo no ensino público do que no privado, embora a diferença seja quase residual (13% vs. 12,6%). De facto, o abandono no ensino público tem crescido de forma continuada, passando de 10,5%, em 2017/2018, para 13% em 2021/2022, o valor mais elevado dos últimos anos. Já o ensino privado, que tendencialmente apresentava uma taxa de abandono superior à do público, nos últimos três anos letivos tem vindo a registar um ligeiro decréscimo, de 13,3% em 2019/2020 para 12,6% em 2021/2022.

No que concerne à natureza do ensino, a taxa de abandono no ensino superior tem sido sistematicamente mais elevada no ensino politécnico do que no universitário. Em 2021/2022, a percentagem de estudantes que abandonaram o ensino superior após o primeiro ano do curso foi de 15,6% no politécnico, um valor 4,6 pontos percentuais acima dos 11% do ensino universitário. Não obstante, a tendência ao longo dos anos tem sido bastante similar em ambos os tipos de ensino com a taxa de abandono a aumentar paulatinamente de 2017/2018 até 2021/2022, quer no politécnico (de 12,3% para 15,6%) quer no universitário (de 9,8% para 11%).



Um em cada quatro estudantes em cursos TeSP desistem do ensino superior

O abandono no ensino superior não é uniforme entre os diferentes tipos de curso. As licenciaturas e mestrados integrados registaram, em 2021/2022, taxas de abandono abaixo da média nacional (12,9%) de 10,9% e 3,7%, respetivamente. Já no sentido inverso, 15,5% dos estudantes em mestrados de 2.º ciclo desistiram do ensino superior no mesmo período e, no caso dos CTeSP1, o abandono foi ainda mais elevado: 25,6%, ou seja, um em cada quatro estudantes em cursos TeSP1 desistem do ensino superior.

As taxas de desistências não têm sofrido fortes oscilações nos cursos de mestrado e mestrado integrado ao longo dos últimos anos. No caso dos CTeSP e licenciaturas, o abandono tem vindo a crescer sobretudo do ano letivo 2018/2019 em diante. No caso particular dos CTeSP, o crescimento foi bastante expressivo com a percentagem de abandono a passar dos 18%, em 2018/2019, para os 25,6% em 2021/2022.



O abandono foi superior no Alentejo e Algarve

Existem vários motivos que poderão influenciar a decisão dos estudantes abandonarem o ensino superior, quer de contexto académico – desde dificuldades na adaptação ou exaustão académica – como de contexto socioeconómico, nomeadamente o custo do alojamento para estudantes deslocados sobretudo nas áreas metropolitanas do Porto e Lisboa.

Todavia, os dados demonstram que a taxa de abandono foi, em 2021/2022, abaixo da média nacional na Região Autónoma da Madeira (10,7%), na Área Metropolitana de Lisboa (11,8%) e na região Norte (12,8%). Por oposição, no Alentejo e Algarve, a proporção de estudantes que desistiram do ensino superior após um ano foi de 19,8% e 17,6%, respetivamente.





Referências:

1 Os Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTeSP) são ciclos de estudos superiores não conferente de grau académico de curta duração (2 anos) que foram criados em 2014, com uma forte índole regional e oferecidos unicamente em escolas do ensino politécnico, com os objetivos de alargar e diversificar a oferta de ensino superior bem como o de atrair novos públicos, designadamente jovens oriundos do ensino secundário profissional e adultos que buscam adquirir conhecimentos mais técnicos e direcionados para o mercado de trabalho.